Passeio na comunidade Engenho II, uma das várias comunidades quilombolas da
Reserva Kalunga (contratamos um guia local por R$ 80,00 e pagamos R$ 40,00 a
entrada, sendo R$ 20,00 por pessoa). Neste passeio conhecemos as cachoeiras
Santa Bárbara, Barbarazinha e Capivara.
Como
nos dias anteriores, acordamos cedo, iríamos conhecer a menina dos olhos da
Chapada, a Cachoeira Santa Bárbara. Precisávamos sair o mais cedo possível
devido à distância que tínhamos a percorrer. São 90 km até Cavalcante e 26 km
de estrada de terra até a comunidade quilombola Kalunga.
Saímos
da pousada as 8h00, a estrada até Teresina de Goiás é ótima, de lá até
Cavalcante piora um pouco, mas é transitável. Logo na entrada de Cavalcante
está o CAT (Centro de Atendimento ao Turista), paramos ali para contratar um
guia e pegar informações, contratamos o Toninho, um guia Kalunga, por R$ 80,00.
Seguimos com ele para a comunidade. Todos os guias em Cavalcante e na portaria
da comunidade são descendentes de quilombolas, como é obrigatória a contratação
de guia para ir a cachoeira, nada mais justo que esse dinheiro seja pago para
um guia local, mesmo porque eles cobram mais barato do que os guias que vem de
fora.
Fizemos
uma ótima escolha de guia, pois, nem todos fazem um roteiro tão completo quanto
Toninho fez conosco. Chegamos à portaria da comunidade, pagamos uma taxa de R$ 20,00
por pessoa e estacionamos o carro próximo à igreja. Ele nos disse que estavam
em dia de festa, a “Folia de Santo Antônio”. De noite haveria um baile com
música ao vivo com a banda de forró pé de serra “kalunga.com” formada por
músicos da própria comunidade quilombola e um banquete que estava começando a
ser preparado pelas mulheres.
Portaria onde pagamos a taxa de visitação
Ele
nos levou pra acompanhar um pouco do preparo do banquete, havia vários tachos
de carne sendo cozidos em fogões de lenha numa cozinha simples ao lado da
igreja, lá fora estavam picando a costela do boi que tinham matado para o
preparo da vaca atolada.
Passamos pelo salão em que seria realizado o baile, fomos até a igreja
onde estava acontecendo uma missa, o padre nos convidou para entrar, ficamos
ali por alguns instantes e saímos para conhecer mais da comunidade.
Seguimos
até a escola que possui dois prédios, um deles foi construído por um grupo de
ingleses que ficou na comunidade por mais ou menos dois meses e construíram
tudo com as próprias mãos, segundo Toninho era pra sentirem na pele o que é
trabalho pesado. No parquinho havia um grupo de crianças brincando. Toninho colheu
alguns frutos caídos de um baruzeiro, trouxemos pra casa pra mostrar para às
pessoas como é o baru.
Um grupo de “cantadores” estava passando pelas casas realizando a Folia
de Santo Antônio. Fomos apresentados ao grupo e o seguimos para acompanhar um
pouco essa tradição, o pai e o irmão do guia Toninho faziam parte do grupo. A
bandeira chega à porta da casa, todos os moradores ficam de joelhos e beijam-na
para dar boas vindas, todos entramos na sala simples, iniciou-se a cantoria com
uma viola, um tambor e vários pandeiros rústicos, acho que feitos por eles. No
final, um membro da família leva a bandeira para dentro da casa para abençoar
todos os cômodos e os mesmos oferecem alguma bebida ao grupo, além de
contribuir com alguma quantia em dinheiro que é colocado dentro do pandeiro de
um dos tocadores.
O
André tomou uma dose de cortesano que foi oferecido a ele, fomos convidados pra
almoçar com eles, porém, estava na hora de seguir para as cachoeiras Santa
Bárbara e Capivara.
Seguimos poucos quilômetros de carro e paramos em uma área de
estacionamento, dali seguimos por uma trilha fácil de aproximadamente 2km que
nos levou até um primeiro poço, azul como o céu, lindo... A Barbarazinha.
Seguimos
a trilha e pouco mais à frente, chegamos finalmente ao poço principal da
Cachoeira Santa Bárbara, vimos poços maiores, mas o que encanta ali é a beleza
daquela água azul turquesa transparente com fundo de areia e pedras com uma
queda d’água bem no centro do poço. A água estava fria, mas suportável, e o lugar
é muito agradável. Essa cachoeira é muito visitada e para evitar muita gente ao
mesmo tempo, é permitida a permanência ali por no máximo uma hora. Esse tempo
depende também do guia, Toninho estava tranquilo e disse que poderíamos ficar
mais tempo se quiséssemos, pois, havia pouco fluxo de turistas naquele dia.
Resolvemos
ir pra a outra cachoeira, voltamos pro carro, ali havia muitas árvores de
buriti e Toninho colheu alguns frutos que estavam caídos para que
experimentássemos.
Seguimos
com o carro sentido contrário, logo paramos em outra área de estacionamento,
seguimos uma trilha de mais ou menos 800 metros e chegamos a Cachoeira da
Capivara.
Essa
cachoeira não tem a cor azul turquesa como a Santa Bárbara, mas também tem sua
beleza, assim como todas as cachoeiras que conhecemos. As águas de dois rios se
encontram no poço após as cachoeiras formadas por cada rio desaguarem ali. Só
pra variar: água gelada! O poço é muito bonito, tem água clara, fundo de areia
e pedras.
Quando
estávamos na cachoeira Santa Bárbara vi uma moça com um rosto conhecido,
encontrei-a novamente na Capivara e fui conversar com ela. As minhas suspeitas
se confirmaram, conheci ela muito pequenininha, com 3 ou 4 anos, se chama
Luiza, seus pais tinham casa em Toque Toque Grande, ela e a irmã sempre iam em casa ver os
filhotes da minha cachorra que havia acabado de parir, ela também se lembrou.
Foi legal encontrar alguém depois de tantos anos e ainda reconhecer o rosto,
acho que não deve ter mudado muito.
Antes
de ir pra Cachoeira da Capivara, passamos no restaurante da tia do Toninho para
encomendar nosso almoço, que seria um “almojanta”, pois, iríamos almoçar por
volta das 16h00. A comida caseira, feita no fogão à lenha, custava R$ 30,00 pra
comer a vontade e R$ 25,00 o prato feito. As opções são: tomate, alface,
rúcula, beterraba e chuchu, peixe frito, frango caipira, arroz, feijão, abóbora
cozida, mandioca frita, 2 tipos de farofa e macarrão alho e óleo. São diversas
opções de sucos naturais e doce de leite com buriti (pagos à parte). O lugar é
bem simples e aconchegante.
Depois
do almoço, Toninho se despediu de nós e ficou na comunidade para a festa, nós
pegamos o caminho de volta para Cavalcante e depois Alto Paraíso. Chegamos por
volta de 18h30, cansados, tomamos banho e ainda tivemos ânimo para dar uma
voltinha na rua principal, mas logo voltamos e caímos na cama como pedras.
Nosso final de tarde
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