05/01/2020 (Domingo) – Ponte Alta do Tocantins
Aproveitamos a manhã para curtir mais um pouco a cachoeira, a água aqui no Jalapão tem uma temperatura bem agradável, bem convidativa para o banho.
Desmontamos nossa barraca, organizamos tudo e
9h50 partimos para Ponte Alta do Tocantins, 190km de distância. Paramos em um
restaurantezinho no caminho, compramos lembranças do Jalapão.
Não encontramos mais nenhum lugar para comer,
então, vimos uma placa “Lagoa Azul” a 6km. Saímos da nossa rota para ver o que
tinha nesse lugar, foi quando chegamos num quilombo ao lado de uma lagoa, que
de azul não tinha nada. Paramos ali e tivemos a ideia de cozinhar um sopão no
nosso fogareiro, pois, estávamos varados de fome. Haviam umas crianças e umas
adolescentes que, vendo que tínhamos parado próximo ao lago vieram ao nosso
encontro, eram 3 meninas (10,12 e 14 anos) e 1 menino (14 anos), as três
meninas são irmãs e o menino é sobrinho delas. Ficamos constrangidos, pois, era
visível que nosso sopão não dava para dividir.
Eles ficaram encantados com o fogareiro e davam
risada do nosso desespero com os insetos, eu me enrolei com vários panos. Perguntamos
o que eles faziam e responderam que “nada”, porque já eram acostumados. Nos
contaram que o padre quem deu o nome de “Lagoa Azul” para aquele lugar, dali
dava para ver a capela onde é rezada a missa, uma vez por mês. A Lagoa não é
atrativa, não tem acesso a ela, é toda rodeada por mato, para piorar tem uns
insetos que infernizam a gente.
Vendo que eles não iriam embora antes de comer,
nós demos a eles algumas cocadas e pacotes de amendoim que eram as únicas
coisas tínhamos no carro, além do sopão, e eles dividiram. Eles permaneceram
ali até a hora que fomos embora, então, aproveitamos para conversar. Nos
contaram que para ir à escola saem 3h00 da manhã no ônibus escolar para iniciar
a aula às 7h00, o trajeto é demorado porque esse mesmo ônibus passa por
diversas outras comunidades até chegar na escola e a estrada é muito ruim, o
que é uma grande verdade. Ao meio dia eles começam o trajeto de volta e chegam
por volta de 15h30, 16h00. Naquele quilombo vivem 4 famílias. Segundo eles, a
única forma de banhar na lagoa é quando entra de canoa lá para o meio, aí dá para
pular na água.
Nos despedimos e seguimos viagem. Chegando em
Ponte Alta, entramos em contato com Priscila que é a esposa do Douglas, o guia
que nos apresentou o Jalapão em 2018, eles haviam nos convidado para ficar
hospedados em sua casa. Depois de tomar um sorvete, seguimos para casa deles.
Douglas estava no Jalapão e a Priscila foi nossa anfitriã. Ela nos deixou bem à
vontade. Aproveitamos para tirar tudo do carro e reorganizar.
Na hora de ir embora, uma situação muito
engraçada aconteceu. Priscila chamou o garçom e disse: “Faltou só o espetinho
de Chocolate.” Eu fiquei com a boca salivando e disse: “Nossa, não sabia que
tinha espetinho de chocolate, também vou querer”. Ela olhou para mim com cara
de espanto, e disse: “Eu vou levar um espetinho para Chocolate, meu cachorro.
Aqui não tem espetinho de chocolate não. O que foi que você entendeu? ” Foi só
risada. Como os sotaques nos enganam.
No dia seguinte, Priscila voltaria ao trabalho
depois de alguns dias de férias, então, tínhamos que dormir cedo para não atrapalhar
o horário dela, e nós também estávamos esgotados.
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