DÉCIMO TERCEIRO DIA –
31/12/2015 (quinta-feira)
Como
nem havíamos conseguido dormir, acabamos desligando o despertador e começamos a
nos agasalhar para encarar o frio das altitudes. Partimos, ainda sonolentos às
4h30. Hoje é dia 31/12/15, reveillon, significa comemorar a chegada do ano novo
até tarde e já começamos nosso dia pensando como seria nossa noite,
provavelmente turbulenta, já seriam três noites de bagunça...argh. Estávamos
com um pouco de receio quanto ao caminho para chegar aos geiseres. Alguns
diziam ser fácil, outros, que o caminho não era muito bem sinalizado. Quando
chegamos na esquina do campo de futebol, ainda em San Pedro (2.400 msnm),
encontramos um comboio de carros, vans e microonibus indo no sentido dos
geiseres, a maioria das placas dos carros eram do Brasil, acho que assim como
nós, se negaram a pagar os preços abusivos cobrados pelas agências de turismo.
Então, ficamos mais tranquilos e começamos a seguir o comboio.
No
caminho fomos acompanhando a queda da temperatura pelo termômetro do carro que
chegou a - 8,5°C, se nessa região fosse comum chover iríamos pegar uma grande
nevasca. Mas não, San Pedro não chove.
Chegamos
aos gêiseres (4.300 msnm) por volta das 6h30 com a temperatura um pouco mais
alta, em torno de - 3°C. O sol ainda não tinha nascido. Paramos o carro e
aproveitamos para tomar o café da manhã que havíamos levado. De dentro do carro
já era possível ver um pouco de fumaça saindo da terra. Depois saímos para
percorrer os senderos que nos aproximavam daqueles pequenos poços de água
quente. O frio era intenso, todas as extremidades do corpo doíam. Usávamos a
fumaça que brotava da terra para aquecer, ao menos um pouco, as mãos e melhorar
a sensação de frio.
Quando
o sol começou a apontar de trás da montanha os poços de água que até estavam
fervendo calmamente, começaram a jorrar água para cima com muita força. Havia
uma pessoa com termômetro que mediu 66°C em um dos poços. As nuvens de fumaça
aumentaram consideravelmente e o show agora estava completo. Percorremos boa
parte dos senderos, fotografamos, filmamos...mas acho que por causa da altitude
comecei a ficar com mal estar. Como estávamos com sono acumulado da noite
anterior, dormimos um pouco no carro. Ao acordarmos resolvemos ir embora, pois,
eu não estava bem ainda, precisava voltar para uma altitude menor. Quando
chegamos à San Pedro eu já estava melhor.
O
André queria tomar um café e eu aproveitei o sofá da simpática cafeteria da
qual ficamos clientes e dormi um pouco. A noite mal dormida e o mal estar me
deixaram imprestável. Depois foi o André que começou a sentir os efeitos da
altitude, com dor de cabeça.
Depois
do almoço saímos para conhecer outros lugares. Eu já estava melhor e o André
ficou bem depois de tomar um remédio. Seguimos para o Valle de la Muerte e o
Valle de la Luna, que ficam nos arredores de San Pedro. Pagamos CL 3.000 por
pessoa para entrar em cada um deles. No vale da morte tem uma duna enorme e o
caminho para chegar até lá é todo sem vida, acho que o nome “Vale da morte” faz
jus ao lugar. O calor era intenso e não havia sombra alguma. O André observou
um casal lá no alto da duna e resolveu subir também, eu fiquei no carro. Ele
levou água e botou uma toalha molhada na cabeça para amenizar o calor.
Depois
fomos para o Vale de la luna, o qual gostamos mais. O vale é gigante e no
caminho fomos fazendo diversas paradas para percorrer senderos (trilhas). O
primeiro foi pra percorrer uma gruta, a “gruta de sal”.
Pelo caminho paramos diversas vezes para fotografar as formações interessantes
daquele lugar, inclusive bem parecidas com o que vemos na TV sobre a superfície
lunar. Há muito sal por lá, dando um tom esbranquiçado em algumas partes da
superfície. No final, paramos em um sendero que nos levou ao alto de uma duna,
a paisagem era no mínimo intrigante, uma duna gigante no meio daquele terreno
acidentado, nos deixou curiosos em saber como ocorreu aquela formação.
Bom,
já era hora de voltar e nos preparar para nossa noite de reveillon, não
sabíamos na verdade onde iríamos ou o que iríamos fazer. Uma coisa era certa,
haveria alguma festa no camping, mas nós não tínhamos o mínimo interesse em
ficar por lá. Quando chegamos no camping havia um boneco de pé, uma espécie de
espantalho, feito com roupas velhas, bem na frente do camping. Estava a maior
agitação, pessoas indo tomar banho, outros ajeitando coisas na cozinha, outros
mexendo na churrasqueira. Bom indício de que a festa seria longa e que nosso
sono iria mais uma vez ficar acumulado. Quanto ao sono, acredite, não tivemos
problemas. Como era noite de reveillon o dono do camping liberou a festa até
tarde, então a bagunça ficou longe da barraca e pudemos dormir tranquilos.
Havíamos até pensado em dormir no carro, mas não foi necessário. Recebemos do
senhor dono do camping um pequeno papel onde deveríamos escrever todas as
coisas ruins que nos aconteceram no ano de 2015 e colocar dentro da roupa do
espantalho, a meia noite ele seria queimado e com ele todas as coisas ruins e
iniciaríamos, então, um novo ano. Achei aquilo diferente, participamos da
tradição colocando lá nossos bilhetinhos.
Após
o banho compramos duas cervejas, que seriam nossas champanhes e deixamos
gelando na geladeira térmica. Saímos para comer algo. Paramos em uma lanchonete
próxima e fizemos um lanche rápido. Fomos andar um pouco pela cidade para ver
como estava a movimentação das pessoas para o reveillon, onde seria a
concentração e se teria fogos em algum lugar. Para nossa surpresa, não
encontramos nada disso, os restaurantes haviam organizado suas festas fechadas,
muitos turistas andando sem rumo pelas ruas, muitos brasileiros inclusive. O
que vimos foram diversos espantalhos, como o que tinha na frente do camping,
espalhados pelas ruas, na frente de restaurantes, na praça...voltamos pra buscar
nossas cervejas e ficar na praça pra ver o que ia acontecer. A meia noite os
bonecos começaram a ser queimados e as pessoas a se comprimentar e desejar
“feliz año nuevo” uns aos outros. Tomamos nossas bebidas e pronto. Assim foi
nosso reveillon, ainda andamos por algumas ruas para ver outros espantalhos
queimando e depois nos retiramos para nossos “aposentos”. Por incrível que
pareça, dormimos o sono dos deuses!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário