terça-feira, 17 de maio de 2016

Décimo terceiro dia - San Pedro de Atacama


DÉCIMO TERCEIRO DIA – 31/12/2015 (quinta-feira)

Como nem havíamos conseguido dormir, acabamos desligando o despertador e começamos a nos agasalhar para encarar o frio das altitudes. Partimos, ainda sonolentos às 4h30. Hoje é dia 31/12/15, reveillon, significa comemorar a chegada do ano novo até tarde e já começamos nosso dia pensando como seria nossa noite, provavelmente turbulenta, já seriam três noites de bagunça...argh. Estávamos com um pouco de receio quanto ao caminho para chegar aos geiseres. Alguns diziam ser fácil, outros, que o caminho não era muito bem sinalizado. Quando chegamos na esquina do campo de futebol, ainda em San Pedro (2.400 msnm), encontramos um comboio de carros, vans e microonibus indo no sentido dos geiseres, a maioria das placas dos carros eram do Brasil, acho que assim como nós, se negaram a pagar os preços abusivos cobrados pelas agências de turismo. Então, ficamos mais tranquilos e começamos a seguir o comboio.

No caminho fomos acompanhando a queda da temperatura pelo termômetro do carro que chegou a - 8,5°C, se nessa região fosse comum chover iríamos pegar uma grande nevasca. Mas não, San Pedro não chove.

 
Chegamos aos gêiseres (4.300 msnm) por volta das 6h30 com a temperatura um pouco mais alta, em torno de - 3°C. O sol ainda não tinha nascido. Paramos o carro e aproveitamos para tomar o café da manhã que havíamos levado. De dentro do carro já era possível ver um pouco de fumaça saindo da terra. Depois saímos para percorrer os senderos que nos aproximavam daqueles pequenos poços de água quente. O frio era intenso, todas as extremidades do corpo doíam. Usávamos a fumaça que brotava da terra para aquecer, ao menos um pouco, as mãos e melhorar a sensação de frio.
Quando o sol começou a apontar de trás da montanha os poços de água que até estavam fervendo calmamente, começaram a jorrar água para cima com muita força. Havia uma pessoa com termômetro que mediu 66°C em um dos poços. As nuvens de fumaça aumentaram consideravelmente e o show agora estava completo. Percorremos boa parte dos senderos, fotografamos, filmamos...mas acho que por causa da altitude comecei a ficar com mal estar. Como estávamos com sono acumulado da noite anterior, dormimos um pouco no carro. Ao acordarmos resolvemos ir embora, pois, eu não estava bem ainda, precisava voltar para uma altitude menor. Quando chegamos à San Pedro eu já estava melhor.




 
 
O André queria tomar um café e eu aproveitei o sofá da simpática cafeteria da qual ficamos clientes e dormi um pouco. A noite mal dormida e o mal estar me deixaram imprestável. Depois foi o André que começou a sentir os efeitos da altitude, com dor de cabeça.
Depois do almoço saímos para conhecer outros lugares. Eu já estava melhor e o André ficou bem depois de tomar um remédio. Seguimos para o Valle de la Muerte e o Valle de la Luna, que ficam nos arredores de San Pedro. Pagamos CL 3.000 por pessoa para entrar em cada um deles. No vale da morte tem uma duna enorme e o caminho para chegar até lá é todo sem vida, acho que o nome “Vale da morte” faz jus ao lugar. O calor era intenso e não havia sombra alguma. O André observou um casal lá no alto da duna e resolveu subir também, eu fiquei no carro. Ele levou água e botou uma toalha molhada na cabeça para amenizar o calor.

 
Depois fomos para o Vale de la luna, o qual gostamos mais. O vale é gigante e no caminho fomos fazendo diversas paradas para percorrer senderos (trilhas). O primeiro foi pra percorrer uma gruta, a “gruta de sal”.





 
Pelo caminho paramos diversas vezes para fotografar as formações interessantes daquele lugar, inclusive bem parecidas com o que vemos na TV sobre a superfície lunar. Há muito sal por lá, dando um tom esbranquiçado em algumas partes da superfície. No final, paramos em um sendero que nos levou ao alto de uma duna, a paisagem era no mínimo intrigante, uma duna gigante no meio daquele terreno acidentado, nos deixou curiosos em saber como ocorreu aquela formação.






 
 
Bom, já era hora de voltar e nos preparar para nossa noite de reveillon, não sabíamos na verdade onde iríamos ou o que iríamos fazer. Uma coisa era certa, haveria alguma festa no camping, mas nós não tínhamos o mínimo interesse em ficar por lá. Quando chegamos no camping havia um boneco de pé, uma espécie de espantalho, feito com roupas velhas, bem na frente do camping. Estava a maior agitação, pessoas indo tomar banho, outros ajeitando coisas na cozinha, outros mexendo na churrasqueira. Bom indício de que a festa seria longa e que nosso sono iria mais uma vez ficar acumulado. Quanto ao sono, acredite, não tivemos problemas. Como era noite de reveillon o dono do camping liberou a festa até tarde, então a bagunça ficou longe da barraca e pudemos dormir tranquilos. Havíamos até pensado em dormir no carro, mas não foi necessário. Recebemos do senhor dono do camping um pequeno papel onde deveríamos escrever todas as coisas ruins que nos aconteceram no ano de 2015 e colocar dentro da roupa do espantalho, a meia noite ele seria queimado e com ele todas as coisas ruins e iniciaríamos, então, um novo ano. Achei aquilo diferente, participamos da tradição colocando lá nossos bilhetinhos.
Após o banho compramos duas cervejas, que seriam nossas champanhes e deixamos gelando na geladeira térmica. Saímos para comer algo. Paramos em uma lanchonete próxima e fizemos um lanche rápido. Fomos andar um pouco pela cidade para ver como estava a movimentação das pessoas para o reveillon, onde seria a concentração e se teria fogos em algum lugar. Para nossa surpresa, não encontramos nada disso, os restaurantes haviam organizado suas festas fechadas, muitos turistas andando sem rumo pelas ruas, muitos brasileiros inclusive. O que vimos foram diversos espantalhos, como o que tinha na frente do camping, espalhados pelas ruas, na frente de restaurantes, na praça...voltamos pra buscar nossas cervejas e ficar na praça pra ver o que ia acontecer. A meia noite os bonecos começaram a ser queimados e as pessoas a se comprimentar e desejar “feliz año nuevo” uns aos outros. Tomamos nossas bebidas e pronto. Assim foi nosso reveillon, ainda andamos por algumas ruas para ver outros espantalhos queimando e depois nos retiramos para nossos “aposentos”. Por incrível que pareça, dormimos o sono dos deuses!!!!








 
By Natália Papaléo
 
 
 

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