Acordamos às
6h00 pra tomar café e tentar comprar nossos bilhetes, a recepcionista, no dia
anterior nos informou que o café seria servido a partir das 6h00, porém, quando
chegamos, o local do café estava vazio e fechado, o André foi pedir informação
e foi informado que o café seria somente a partir das 7h00, quebrando nossos
planos.
O André se
irritou por ter acordado tão cedo. Saímos pra rua e ficamos andando e
fotografando o inicio do dia das pessoas saindo pra trabalhar, os alunos indo
pra escola, os comércios começando a abrir as portas..., ficamos aguardando a
abertura dos guichês da estação que abriu às 7h10, fomos os primeiros a comprar
os tickets.
Voltamos
rapidamente pro hotel pra tomar café e correr de volta pra estação, pois, o trem
partiria às 8h00, o hotel em que estávamos era bem perto. No decorrer do
passeio a irritação do André foi passando.
O trem
partiu pontualmente às 8h00. A viagem de Alausí até Sibambe dura 30 minutos, as
paisagens são lindas, existem diversas áreas de criação de gados e campos de
plantações, o guia falou sobre a história da linha e sobre lendas... Quando
chegamos à estação em Sibambe, um grupo de dança popular estava se apresentando
para nos recepcionar. Hoje estação fica no meio do nada, não há nenhum vilarejo.
Os vilarejos próximos ficam a quilômetros de distância e o acesso é feito por
trilhas. Em 1998, o fenômeno El Niño provocou a transbordamento do rio que fica
às margens da ferrovia, onde existiam diversos vilarejos, isso, obrigou as
famílias e abandonarem suas casas e migrarem para outros locais, com isso
inclusive a estação foi desativada, hoje ela funciona apenas para receber
turistas.
Há uma lenda
acerca desta linha que conta que quando a locomotiva estava passando pela serra
do nariz do diabo, um ser de roupas e olhos vermelhos e com nariz grande
aparecia dentro dos vagões, assustando as pessoas, muitas passavam mal,
desmaiavam, então, quando chegava próximo a serra, boa parte descia do trem e
andava a pé pelos trilhos para não encontrar com o ser dentro do vagão.
Ficamos na estação por 1h30, lá possui uma lanchonete,
uma feirinha de artesanato e um pequeno museu que conta a história da
construção da ferrovia e dos povos que viviam as suas margens. Esse trajeto é
conhecido por ter a navegação mais difícil do mundo, os trilhos seguem por uma
serra íngreme, durante sua construção não houve condição para construir curvas,
então, os trilhos seguem em zig zag, ora com a locomotiva andando de frente,
ora andando de ré. Mais de 2.500 trabalhadores morreram durante as obras por
moléstias da época como por exemplo a malária. 9h30 o grupo de dança popular
começou uma outra apresentação, às 10h00 estávamos partindo de volta pra
Alausí.
Imagens do caminho
Grupo se apresentando para nos recepcionar
Lanchonete
Estação
Museu
Desembarcamos
30 minutos depois, passamos no hotel para pegar nossas malas e seguir pra
Cañar, onde visitamos as ruínas Ingapirca. Chegamos com muita chuva. A recepção
tem uma ótima estrutura, com lareira e guarda volumes para malas. Depois de
pagar a entrada (USD 2 cada um) e guardar as malas (uso gratuito com chaves)
iniciamos o tour de mais ou menos 45 minutos debaixo de muita chuva, o que não
foi muito agradável. Ali viviam os índios Cañares, quando chegaram os Incas e
conviveram juntos nessa comunidade. As ruínas mostram bem isso, algumas são em
pedras bem marcadas para dar o encaixe perfeito, outras são com pedras mais
arredondadas com uso de uma espécie de massa para fixação, ainda vimos algumas
lhamas que ficam soltas ali nos gramados das ruínas. Ainda há duas trilhas, que
embora sigam por caminhos e tempos diferentes, chegam até ao mesmo local, a
“cara do inca”, um índio entalhado em uma rocha. Não fizemos essa trilha,
talvez o André até teria feito, mas por falta de ânimo de minha parte ele
também não foi, as roupas molhadas estavam me incomodando, voltamos pra
recepção. Enquanto o André foi visitar um pequeno museu ali ao lado, eu fiquei
tentando dar uma secada nas roupas em frente a lareira. Quando ele voltou, a
recepcionista avisou que havia um ônibus pra Cañar partindo em 5 minutos do
ponto final, aproveitamos e saímos rapidamente pra tentar embarcar e chegar em
Cuenca o mais breve possível.
Réplica de uma casa vista por fora
Réplica da casa vista por dentro
De Ingapirca
seguimos até Cañar, em Cañar embarcamos para Cuenca. Nós sempre nos
deslumbramos com as paisagens lindas por todos os caminhos que passamos desta
vez não foi diferente, muita área rural, plantações, serras, muitos povoados.
Esse trecho da rodovia está asfaltado, porém, não há quase ou nenhuma
sinalização, nem no asfalto, nem em postes. Meu tio depois nos explicou que até
uns 4, 5 anos atrás essa rodovia era estrada de terra, era muito perigosa para
transitar, além da neblina muito forte na região que prejudica a visibilidade
dos condutores, então, o índica de acidentes ali era alto, com o recapeamento
melhorou bastante. O atual presidente Rafael Correa asfaltou muitas rodovias no
país, porém não as estruturou de forma que minimizasse tanto os acidentes,
pois, o que fez foi somente jogar asfalto sobre a terra, não sinalizou o solo,
não emplacou as rodovias... A impressão que tivemos foi de que rodar pelas
rodovias brasileiras é estar no primeiro mundo!!!
Chegamos a
Cuenca por volta das 19h00, pegamos um taxi pra casa do meu tio, eles nos
esperavam pra jantar. Fizemos um lanche e ficamos até as 23h00 contando sobre a
viagem.
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